Microsoft prepara Publisher Content Marketplace para remunerar conteúdo usado por IA
A Microsoft está desenvolvendo o Publisher Content Marketplace (PCM), uma plataforma destinada a remunerar conteúdos utilizados por produtos de inteligência artificial (IA), como o Copilot. A iniciativa foi revelada durante o Partner Summit em Mônaco, mas ainda não possui uma data de lançamento definida. O projeto está sendo discutido com um grupo seleto de publishers nos Estados Unidos, com o objetivo de criar ferramentas, políticas e modelos de precificação que conectem a oferta de conteúdo à demanda de sistemas de IA.
O PCM se propõe a ser o primeiro grande marketplace para transações entre publishers e compradores de conteúdo para IA. A Microsoft destacou que “você merece ser pago pela qualidade do seu IP”, enfatizando o foco no valor do conteúdo, e não apenas na quantidade de dados utilizados. O modelo busca oferecer escala e previsibilidade para o acesso a conteúdo de qualidade, garantindo segurança jurídica e sustentabilidade econômica.
A adoção do PCM por outros compradores de IA além do Copilot será crucial. Se o marketplace atrair produtos de terceiros, a competição pelo inventário aumentará, exigindo regras claras de atribuição, auditoria de uso e precificação. Sem essas diretrizes, o PCM corre o risco de replicar as assimetrias dos acordos bilaterais tradicionais.
Para os publishers, o PCM oferece a possibilidade de remuneração contínua pelo uso de conteúdo, em vez de apenas por licenças fechadas. No entanto, a definição de métricas de consumo por IA, a rastreabilidade do conteúdo e a governança de dados são questões críticas. A transparência operacional será essencial para garantir a confiança e adesão a longo prazo.
Além disso, a citabilidade e a visibilidade nas respostas de IA continuam sendo importantes. Os publishers desejam não apenas receita, mas também reconhecimento e tráfego. Um marketplace funcional precisará equilibrar a remuneração com mecanismos que preservem a atribuição e referências, mesmo quando as respostas forem sínteses que reduzem cliques.
No Brasil, a Pesquisa IA 2025 da Conversion/ESPM indica que 32,3% dos usuários reduziram buscas no Google após adotar IA, enquanto 25,8% aumentaram suas buscas. Essa dinâmica reforça a necessidade de modelos que contemplem valor mesmo em jornadas com menos cliques.
Para as marcas, o PCM sinaliza que a qualidade e a estrutura do conteúdo influenciam não só o ranqueamento tradicional, mas também a “comprabilidade” e a citabilidade em respostas geradas por IA. A IA generativa opera com expansão de consultas e sínteses multi-fontes, exigindo cobertura abrangente de temas e consistência semântica.
No Brasil, 62% dos usuários preferem IA quando buscam respostas diretas, conforme a pesquisa da Conversion/ESPM. Isso destaca a importância de conteúdos tecnicamente sólidos, com fontes verificáveis e estrutura amigável à extração por LLMs. O PCM, ao priorizar a qualidade, pode valorizar quem já investe nessa direção.
Há três eixos de atenção para o futuro do PCM. Primeiro, as regras de medição e auditoria: como será calculado o uso por IA, com que granularidade e quais garantias de relatório serão oferecidas aos editores. Sem padrões claros, o PCM pode enfrentar resistência, especialmente de publishers que dependem de previsibilidade de receita.
Segundo, as políticas de atribuição e citabilidade: a remuneração não elimina a necessidade de referências visíveis quando apropriado. A ausência de citações pode reduzir o valor da marca e dificultar a comprovação de impacto. A experiência de AI Overviews e modos conversacionais indica que menções influenciam buscas subsequentes.
Terceiro, a interoperabilidade e competição: se Google, Meta e outros não aderirem a modelos similares, teremos um mosaico de acordos e marketplaces paralelos. Isso aumenta a complexidade para publishers e marcas, exigindo governança multicanal e métricas que incluam presença em respostas de IA, além de tráfego.
O Publisher Content Marketplace da Microsoft representa um avanço pragmático rumo a modelos sustentáveis de acesso a conteúdo por IA. Para publishers, ele pode alinhar remuneração e visibilidade, desde que haja métricas confiáveis, auditoria e políticas claras de atribuição. Para marcas, reforça a importância de autoridade, dados estruturados e consistência factual.
No Brasil, onde o uso de IA é elevado e o Copilot já integra o dia a dia de parte dos usuários, a iniciativa pode impactar a descoberta de conteúdo em ambientes corporativos e na busca conversacional. Nesse contexto, estratégias que combinem SEO clássico, GEO e grounding tendem a capturar valor em múltiplas superfícies de IA.